Mick Philpott, um ex-militar britânico, ficou muito conhecido nos últimos anos por participar de uma situação que acabou com a morte de seus 6 filhos. Quais mentiras Mick contou a polícia? Como um incêndio que tornaria ele um “herói” rapidamente se transformou em uma tragédia?

Hoje vamos contar sobre o famoso caso de Mick Philpott, um dos casos que tem muita relação com a linguagem corporal principalmente quando levado para o contexto da manutenção da aparência que é o nome do código que ficou conhecido como PIN S3 no protocolo SCANS.
VAMOS AO CASO:
No dia 11 de maio de 2012 na cidade de Derby na Inglaterra, ocorreu um incêndio numa casa com seis crianças que estavam presas no imóvel naquele momento, e Infelizmente as seis crianças vieram a falecer, o pai delas, Mick Philpott um ex-soldado britânico disse que tentou a todo custo entrar no prédio para salvá-las, mas não conseguiu êxito, rapidamente o caso ganhou muita notoriedade pelo faro de Mick ser uma figura muito conhecida, ele também havia participado de um programa de TV muito conhecido no Reino Unido chamado The Jeremy Kyle Show, onde ele comentou ter um relacionamento conturbado com sua ex-mulher e também ter uma vida sexual muito bizarra chamando muito atenção do público.
Após o ocorrido do incêndio em sua casa vitimando fatalmente seus 6 filhos chega o momento de Mick falar com a imprensa, ele com a sua companheira fizera a sua manifestação, nessa coletiva de imprensa eles pretendiam responder às perguntas e descrever os eventos relacionados ao incêndio.
O perito Vitor Santos analisou o vídeo dessa coletiva e deu seu parecer como especialista em Linguagem Corporal, nos explicando alguns pontos de incongruências apresentados pelo casal e principalmente por Mick.

O primeiro ponto a destacar é o choro excessivo do Mick Philpott, ele esboça dentre várias outras coisas, um excesso muito grande de pausas narrativas, ele para várias vezes para enxugar o rosto, ele expressa um excesso de alteração emocional, ora ele está neutro, ora ele está muito abalado, outro comportamento observado é que por vezes, ele cobre totalmente o rosto com as mãos e todos esses critérios estão previstos no artigo Crocodile Tears, que é um estudo utilizado pelo FBI para poder detectar quando um remorso ou um choro é genuíno, ou quando ele é fabricado, esse foi o primeiro ponto que chamou a atenção dos investigadores, o choro de Mick parecia muito falso.
Mas foi o segundo critério que vou falar agora que de fato chamou muito atenção e fez as buscas se intensificarem, bem como a investigação que foi ‘designer’ da aparência tanto de Mick como de sua companheira, nele foi observado que Mick estáva utilizando uma camiseta branca, o branco geralmente em semiótica está associado à paz, bondade, luz, apenas ideias positivas, além disso, o branco também dá destaque nos dois pingentes que ele está utilizando, são as chamadas Dog Tag, aquelas correntes que são utilizadas por soldados, como ele era soldado, isso foi marcado sim, por ele, uma espécie de medalha religiosa.
Segundo o perito Vitor Santos isso postumamente é um critério conhecido como S3 que veio a ser chamado como MANUTENÇÃO DA APARÊNCIA, que é basicamente quando um mentiroso está praticando a sua enganação, uma das formas dele de persuadir o público a acreditar que ele está falando a verdade, a gerar uma imagem, parecer uma pessoa boa, parecer uma pessoa honesta para não ter que falar me olha não estou mentindo, então eles preferem optar pela manutenção da aparência, nesse caso, ficou muito famoso porque ele quis demonstrar a imagem de uma pessoa, um soldado, alguém que honra, protege uma medalha religiosa, alguém que busca a elevação, a família. E na companheira dele também, você consegue ver o crucifixo mais uma vez, um ‘item’, uma imagem religiosa, olha uma mulher de Deus, uma pessoa temente a Deus, invés de negarem, não eu não matei meus filhos é muito mais fácil para um mentiroso colocar essa imagem de bondade, e isso pegou muito pesado, a polícia ficou realmente atenta com isso, dias depois dessa conferência, tanto Mick quanto a sua esposa fora suspeitos e começaram a intensificar sobre eles as investigações ainda mais.

Os investigadores britânicos foram checar o passado de Mick e observaram que ele tinha um passado muito violento, em 1978 Mick esfaqueou uma namorada depois que ela terminou o relacionamento com ele, e ao tentar intervir, a mãe da vítima também foi atacada. Ele era uma pessoa com um comportamento já muito dúbio, de uma intensidade emocional muito agressiva.
Um amigo próximo deles que também estava presente nesse mesmo dia começou a aparecer cada vez mais nas investigações, seu nome era o Paul Mosley.
AGORA VAMOS AS PROVAS:
Os cientistas forenses encontraram rastros de petróleo nas roupas do casal e de Paul Mosley o que já era um propelente para propagar o fogo, e a polícia obteve permissão para gravar as conversas do casal no quarto do hotel onde eles estavam hospedados no período que eles estavam prestando as coletivas de imprensa, nas gravações os policiais ouviram Mick pedir claramente que a sua companheira Mairead confirmasse a sua versão da história.
Depois de presos e indiciados, os investigadores ouviram novamente Mick fazer o mesmo pedido à mulher. Quando questionados durante o julgamento, o casal justificou que Mairead não contaria aos policiais detalhes sobre sua vida sexual que incluía um “ménage a trois” com Paul Mosley.
Paul Mosley teria ido à casa de Mick Philpott na noite do incêndio e feito sexo com Mairead, em cima de uma mesa de sinuca com o consentimento e estímulo do marido.
Não demorou muito, e além das provas, o próprio Mick confessou que todo o plano que os três armaram tinha como intenção apenas favorecer a imagem de Mick como herói, já que ele era uma figura pública ali na Inglaterra.

A HORA DA VERDADE
Vamos ressaltar que, o plano deles deu totalmente errado, Mick queria parecer herói e vítima, assim ele planejaram criar um incêndio, então ele iria salvar as crianças do incêndio sendo visto como herói em simultâneo, em que ia conseguir de uma forma ou de outra provar que a culpa de quem ateou fogo na casa com as crianças dentro, era de sua ex-mulher, Lisa Willis, ele iria acusá-la, assim logo, mostrando que ela era a pessoa que ateou fogo, ela iria ser vista como uma bandida, uma vilã e ele o herói, o “mocinho” que salvou os filhos, porem mesmo que esse plano tivesse dado certo, que a princípio Mick tentou dizer nas primeiras vezes de interrogatório, que ele suspeitava de que sua ex-mulher, Lisa Willis quem fora a pessoa que ateou fogo, essa foi uma das primeiras versões dele, nos depoimentos.
Segundo o perito quando se aplica o MR que é o MONITORAMENTO DE REALIDADE, e observa a situação por uma perspectiva comum, pode se concluir que tem algo estranho nessa narrativa, veja; ele vai lá e fala que a ex-mulher Lisa Willis tocou fogo na casa dele para matar os filhos que também eram dela, porem se isso fosse verdade, ela teria feito isso (tacado fogo) o que também coincidia a data seguinte, pois no dia seguinte seria quando ela iria à audiência, no tribunal para manter a custódia de seus filhos, então vejam que não faria sentido, ou seja, “se amanhã eu vou lá manter a custódia dos meus filhos de forma legal, porque que hoje eu vou mata-los?” e isso foi mais um ponto que enfraqueceu totalmente a versão do Mick já no começo e ajudou ainda mais os investigadores, por meio dessa suspeita do comportamento dele, percebendo que ele estava mentindo, a continuar nas buscas e conseguiram provar que ele era culpado por toda aquela barbárie.
Bom, como os três tiveram envolvimento no caso, tanto Mick como sua parceira Mairead quanto Paul Mosley, que era amigo do casal, os três pegaram prisão perpétua e estão até hoje respondendo por seus crimes.

Vale lembrar que esse caso foi muito marcante principalmente porque algum tempo depois, programas renomados de TV como, Discovery ID, trouxeram especialistas em linguagem corporal para mostrar esses pontos que destacamos aqui; A MANUTENÇÃO DA APARÊNCIA e o MONITORAMENTO DE REALIDADE, entre eles um dos mais famosos e que vale mencionar aqui, é Cliff LansLey que é um dos fundadores da Emotional Intelligence Academy, e também um dos co-criadores, psicólogo e pesquisador do protocolo SCANS, ele foi uma das pessoas que veio a público explicar toda essa situação envolvendo Mick Philpott por meio da linguagem corporal.
Bom pessoal, vamos finalizando por aqui espero que vocês tenham gostado de saber como a Linguagem corporal tem ajudado a polícia ao redor do mundo.
Abraços — Transcrição-Equipe Metaforando